domingo, 3 de dezembro de 2017

Solidão na viuvez, uma questão de genero



A casa tem centenas de objetos e eles não combinam entre si. Parece a casa de um acumulador. Mas é a casa de um homem só. Ele é viúvo há um ano, tempo mais do que suficiente para não saber o lugar das coisas, para não conseguir jogar nada no lixo, para não saber decidir se vai doar algo, para acumular correspondência sem abrir, contas sem pagar, roupas fora das gavetas, sapatos pela sala, louça na pia e poeira por tudo.

Desde que a esposa faleceu, ele se parece com todos os homens viúvos da vida real, dos filmes e da literatura. Se veste mal, anda de pijama quase o dia todo, esquece de tomar banho, esquece de comer, praticamente não sai de casa e não atende o telefone.

Impressionante o impacto causado na vida de um homem a morte da esposa de um casamento feliz. O homem quase morre junto. E, por alguma obra misteriosa do destino, quando acaba conhecendo alguma mulher solteira, quer logo casar.

Esse é um cenário comum. Como faz falta uma mulher na vida de um homem que se descobre viúvo.

O contrário não é verdadeiro. Há alguns exemplos de viúvas que quase morrem com seus maridos, mas a dor passa mais rápido. As viúvas se descobrem livres, solteiras novamente, sem os compromissos do matrimônio e sem os compromissos da casa se descobrem livres e com muitas possibilidades.

As mulheres agora viúvas deixaram a casa dos pais para casar. Passaram da tutela dos pais para a tutela dos maridos. Livres dos dois, ganham o mundo, viajam, formam grupo de amigas, grupo de literatura, retomam os estudos, vicejam!

A viuvez do homem é quase morte, a viuvez da mulher é recomeço.

2 comentários:

  1. Respostas
    1. Pois essa foi a vida do meu. Depois ele conheceu uma senhora e começou a namorar. Mas o impacto causado pela morte da minha mãe foi grande. Você teve um pai amoroso pelo visto

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