sexta-feira, 26 de outubro de 2012

O curioso caso de Teresio Capra

A história do italiano Teresio Capra é tão peculiar quanto à vivida por Brad Bitt em “O curioso caso de Benjamin Button”. Tal como no filme, Capra vai se reinventando à medida que novos desafios surgem em sua vida. Aos 14 anos, Capra já fazia parte da Brigada de Paraquedistas das tropas de Mussolini, na Segunda Guerra Mundial.


Com 17 anos, começou a trabalhar como minerador em minas de carvão da Bélgica, onde contraiu uma silicose- doença profissional que afeta a elasticidade dos pulmões. Trabalhava no turno vespertino e escapou do acidente que matou 180 mineradores italianos do turno da manhã. Antes de completar 21 anos,

Capra desembarcava no Rio de Janeiro, era 1950. Sem formação profissional adequada para os desafios urbanos brasileiros, o italiano tratou logo de se matricular no SENAI, onde fez cursos de carpintaria, pedreiro e mestre-de-obras.
Capra não esperou muito para conseguir emprego em uma construtora e casar com a mineira Maria Aparecida, com quem teve dois filhos, Tânia e Edison. O salário, de quatro mil Cruzeiros, era insuficiente.

Então ele tomou uma decisão arrojada: com os músculos bem desenvolvidos graças ao trabalho na construção civil, Capra foi lutar box nos estúdios da TV Rio para complementar a renda. Foi pioneiro também nisso.


Ao atravessar um campo para pegar o ônibus da linha Jacarezinho/Copacabana, Capra sentiu uma forte dor de barriga e procurou um matinho para se acomodar. Pois foi nesta situação insólita que o destino deu uma mãozinha. O vento jogou na direção de Capra um jornal velho com um anúncio pedindo mestre-de-obras para trabalhar em Brasília. A expressão “paga-se bem” chamou sua atenção. Nesse dia, não foi trabalhar.

Seguiu direto para o endereço publicado no jornal, na rua México, onde funcionava o escritório da construtora Ecisa. Foi atendido por um engenheiro inglês, Donald.

Para trabalhar em Brasília, Capra fez uma proposta de risco: um mês sem salário e depois o engenheiro avaliaria o resultado. Trinta dias depois, Donald analisou o andamento das obras da Quadra 103 Sul, sob responsabilidade de Capra. Gostou do que viu e perguntou de quanto seria o salário. Capra pediu 12 mil cruzeiros, Donald pagou 14 mil. Era o ano de 1957 e o italiano desembarcara na futura capital do País em um avião DC-10.

Ao mesmo tempo em que construía a cantina e o alojamento dos operários da Quadra 103 Sul, Capra ergueu a casa de madeira onde sua família iria morar. Disciplinado, sem preguiça para o trabalho, Capra ganharia muito dinheiro ao vencer o desafio proposto por sua empresa de ser a primeira construtora a alcançar a cumieira da obra. Ganhou duas vezes, acumulando 200 mil cruzeiros. Tudo guardado em casa.

Quando a Caixa Econômica Federal abriu sua primeira agência em Brasília, uma Kombi parou em frente à casa de Capra para fazer o depósito da fortuna. “Era muito dinheiro. Havia notas no colchão das camas, em latas, por tudo. Mas não tinha perigo. Naquela época não havia ladrão em Brasília”. Bons tempos, recorda Capra.

sábado, 13 de outubro de 2012

Yuki, um cachorro adorável

Yuki decidiu atravessar a rua Dr. Barcelos e morar conosco, casa número 381. Ele era do vizinho da frente, um casal de professores com três filhos. Naquela época, meados de 1960, os cães eram livres. O normal era os cachorros passearem e voltarem pra casa para comer e dormir. Nenhum deles se perdia como hoje, todos voltavam. Quer dizer, alguns a carrocinha pegava e a gente tinha que ir arte a zoonose, no Hospital de Veterinária da UFRGS, buscar antes que eles virassem sabão, como se dizia. Minha mãe foi de táxi duas vezes buscar o Yuki.


Quando Yuki decidiu mudar de endereço eu devia ter uns 10 anos, ainda estudava no Grupo Escolar 3 de Outubro, a 3 quadras de casa. Yuki me seguia disfarçando. Eu olhava para trás e ele se escondia.

Mas quando eu chegava na escola lá estava ele, chegava antes e espera no portão. Um vira-lata enorme, preto e branco, com o rabo abanando alegremente por ter me enganado mais uma vez. As vezes ele conseguia ficar esperando a minha aula terminar deitado no corredor da escola. Outras vezes era espantado pelas funcionárias e aguardava na praça ou ia para casa.

Algumas vezes ele ia conosco até o ponto de ônibus, quando tínhamos de ir ao centro de Porto Alegre por algum motivo, e tentava entrar no ônibus. Uma vez ele conseguiu entrar e eu e minha avó descemos no ponto mais próximo para ele sair. Outras vezes ele corria atrás do ônibus até cansar, ou atrás do carro do meu pai, um fusquinha, que em Porto Alegre se diz “fuca”.

Yuki era um cão adorável. Também nos seguia quando meu irmão mais velho me levava para as Bandeirantes de carona na bicicleta. Era o Grupo Bandeirante Salamandra do Jarau. E esperava terminar a reunião dos sábados deitado na calçada na sombra de uma das árvores do Clube dos Jangadeiros, em frente ao rio Guaíba, que agora chamam de lagoa. Os tempos mudaram tanto que até a geografia foi junto. Ele também me esperava quando eu tinha aula de educação física, de manhã, nas quadras do Clube Comercial. Uma vez, quando a professora mandou que corrêssemos em volta da quadra de futebol de salão para aquecer, ele correu junto até ser expulso.

Um dia um carro parou em frente a nossa casa e uma cachorrinha foi colocada para fora. Uma vizinha viu e contou que foi assim que chegou a Bazuquinha. Esse nome horrível fui quem deu pra coitada. Yuki foi na calçada, cheirou a forasteira, deu boas vindas, e a convidou para entrar. Ninguém lá em casa contrariou. Bazuquinha foi acolhida primeiro pelo Yuki e depois por toda a família. Não tiveram filhotes e viveram felizes juntos uns 10 anos.

Quando Yuki partiu eu já estava casada, não morava mais na Dr. Barcelos, e recebei a notícia por meu pai que se referia a ele como “o falecido Yuki”. Bazuquinha partiu depois e eu já vivia em Brasília. Yuki protegia a casa e a família e era muito carinhoso. Até tiro levou protegendo a casa de um assalto. A bala pegou na boca e se alojou na mandíbula. Ele foi operado e tirou de letra. Morreu de velhinho, feliz, e sem sofrer, contou meu pai.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Sofia, a cachorrinha sensível

Este vídeo conta a história de amizade de uma família e duas cachorrinhas. Sofia é a mais sensível e sofre com a chegada do bebê do casal. Trata-se de um vídeo institucional da rede de drogarias Panvel, de Porto Alegre, e está fazendo muito sucesso na web.

E faz sucesso justamente por contar uma história que pode ser real, pode ser a sua, com seu cachorinho, ou seu gato e seu filho, pode ser a história de qualquer um de nós e, por isto, toca tão fundo em nossas emoções.


http://www.youtube.com/watch?v=7vQwoywtjTk