terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Medo de feriado

A cada feriado que se aproxima eu estremeço. Não seria diferente neste feriadão de Carnaval. Com a Lei Seca, a situação se agravou e meu pânico cresceu.

Com a intolerância cada vez maior à combinação bebida alcoólica e direção, aumentou o número de pessoas que fazem festinhas em casa. E no recinto do lar enchem a cara.
Eu moro em um condomínio enorme, em Brasília, em área rural, cercado por vegetação do Cerrado e áreas de transição das matas Atlântica e da Amazônia, com quatro nascentes. Um lugar assim tem um rico habitat. Milhares de roedores, primatas e aves buscam abrigo neste espaço, que são áreas de preservação permanente garantidas pelo Ministério Público e pelo Ibama.
Minha opção por viver aqui foi exatamente por isto: contato com a natureza, respeito ao ambiente e o silêncio da mata.
Mas quando tem feriado, muitos não respeitam isto. Alguns vieram viver neste condomínio por outros motivos, e um deles foi o econômico. O lote aqui é mais barato do que nas região dos lagos, apesar de ser bem maior. Então o critério natureza não conta na hora de decidir.
Meu terreno tem 1.300 metros quadrados, fica em frente a um dos córregos e é cercado pelo Cerrado.

Não tenho vizinhos cerca com cerca. Mas isto não foi suficiente para me proteger. Do outro lado do cerradinho mora um vizinho que adora beber em casa nos feriados e tocar suas músicas de gosto duvidoso bem alto. Hoje, acreditem, ele contratou uma banda!
Meus cachorros estão estressados e eu idem. Os pássaros silvestres sumiram junto com os mico-estrelas. Não vi mais nenhum dos meus queridos vizinhos animais que vêm na porta da minha cozinha buscar mamão e banana.
Este vizinho ruidoso é um policial e a esposa trabalha em tribunal de justiça. É possível? É. Uma dupla que conhece a lei e não a respeita. Em tese, conhece o direto do próximo. Mas não o respeita.
Há outros semelhantes espalhados pelo condomínio. São minoria, felizmente, mas contaminam o ambiente como a maçã podre do cesto. É o caso do prestador de serviço de empresa pública, que pode se dar ao luxo de atender os chamados em casa, enquanto obriga os vizinhos a desfrutar de seu gosto musical.
E tem os roqueiros idosos, com excelente repertório, mas sem noção de horário e nem de decibéis.
É por isto que eu tenha pânico de feriado e adoro quando chove muito.

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