sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Pisco, o boxer com rabo

Entrei na pet shop para comprar guloseimas para Tupã. Meu querido dog resultado de cruzamento de boxer com fila. Adotei assim que desmamou, estava agora com oito meses. Passava o dia sozinho e eu tinha planos de adotar outro cachorrinho para fazer companhia a ele.

Na pet shop havia um cachorrinho boxer com cerca de três meses à venda. Pobrezinho, estava só. A dona da loja disse que ele estava “encalhado” porque tinha rabo. Como vocês sabem, é comum a mutilação de rabo e orelhas em determinadas raças em nome de um certo padrão estético. Sou contra.
Ela foi logo avisando que cortaria o rabo do filhote porque assim ele teria mais chances de ser comprado.

Mas esse tipo de mutilação é feito quando o cachorrinho tem poucos dias de vida. Com três meses é arriscado, pode infecionar e não cicatrizar.
Enquanto ela falava entraram na loja uma senhora e a filha, o boxer da família ficou no carro, muito bem sentado no banco do carona.  A senhora também achou um absurdo o boxer ser mutilado naquela idade.

De nada adiantaram nossos protestos.
Então, num impulso, eu comprei o cachorrinho para salvar sua vida. E também o seu rabo. Nunca havia comprado um cachorro. Todos os que tive foram da família, apareceram lá em casa ou alguém dava para o meu pai. Quando mudei para Brasília com minha filha também ganhei dois cachorros e depois um gato.
Tupã foi adotado e agora este, que ficou com o nome provisório de Pajé enquanto eu pensava em um nome melhor, foi comprado e não viveu o suficiente para curtir a nova casa e seu próprio rabo.
No outro dia o bichinho comeu pouco, não ficava firme em pé e também não conseguia sentar. Mas era carinhoso e buscava o meu colo. 48 horas depois da compra era óbvio que ele tinha algum problema de saúde. Levei de volta na pet shop porque a dona era veterinária e pensei que teria um diagnóstico rápido e um tratamento idem. Ele ficou internado em observação.


Voltei no outro dia, Pajé estava mais fraquinho, fiquei com ele no colo, passeamos no Sol e o levei de volta para a veterinária. Morreu no outro dia. Até hoje não sei do que ele morreu e me arrependo tremendamente de tê-lo levado lá. Deveria ter procurado outra clínica.
Dois dias depois, alguém me liga da pet shop para dizer que “meu outro boxer” estava na loja esperando por mim. O que? Era isto mesmo, já que Pajé havia morrido, um irmãozinho dele foi escalado para substituí-lo. Fiquei com dó e fui lá buscá-lo. Tinha rabo. Era esperto, andava por tudo e acabou entrando em um pacote de ração. Na loja ele estava com o nome provisório de Príncipe, chamei de Pisco.
Pisco e Tupã demoraram um tempão pra fazer amizade. Pisco vivia com as orelhas arranhadas. Até o dia em que percebeu que crescera mais do que Tupã e resolveu encarar. Hoje são amigos, um faz companhia para o outro. Pisco é muito carinhoso e brincalhão, ao contrário de Tupã, que é reservado e discreto.
E foi assim que, para salvar um rabo, eu conheci a breve vida de Pajé e aprendi a praticar lutinhas com o Pisco. Como vocês sabem, a raça se chama boxer porque adora dar socos e tapas com as patas dianteiras.

Na foto ao alto, Pisco e seu rabo. Abaixo, Pisco lambe o ar, com Tupã ao fundo.

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