Entrei na pet shop para comprar guloseimas para Tupã. Meu querido dog resultado de cruzamento de boxer com fila. Adotei assim que desmamou, estava agora com oito meses. Passava o dia sozinho e eu tinha planos de adotar outro cachorrinho para fazer companhia a ele.
Na pet shop havia um cachorrinho boxer com cerca de três meses à venda. Pobrezinho, estava só. A dona da loja disse que ele estava “encalhado” porque tinha rabo. Como vocês sabem, é comum a mutilação de rabo e orelhas em determinadas raças em nome de um certo padrão estético. Sou contra.
Ela foi logo avisando que cortaria o rabo do filhote porque assim ele teria mais chances de ser comprado.
Mas esse tipo de mutilação é feito quando o cachorrinho tem poucos dias de vida. Com três meses é arriscado, pode infecionar e não cicatrizar.
Enquanto ela falava entraram na loja uma senhora e a filha, o boxer da família ficou no carro, muito bem sentado no banco do carona. A senhora também achou um absurdo o boxer ser mutilado naquela idade.
De nada adiantaram nossos protestos.
Então, num impulso, eu comprei o cachorrinho para salvar sua vida. E também o seu rabo. Nunca havia comprado um cachorro. Todos os que tive foram da família, apareceram lá em casa ou alguém dava para o meu pai. Quando mudei para Brasília com minha filha também ganhei dois cachorros e depois um gato.
Tupã foi adotado e agora este, que ficou com o nome provisório de Pajé enquanto eu pensava em um nome melhor, foi comprado e não viveu o suficiente para curtir a nova casa e seu próprio rabo.
No outro dia o bichinho comeu pouco, não ficava firme em pé e também não conseguia sentar. Mas era carinhoso e buscava o meu colo. 48 horas depois da compra era óbvio que ele tinha algum problema de saúde. Levei de volta na pet shop porque a dona era veterinária e pensei que teria um diagnóstico rápido e um tratamento idem. Ele ficou internado em observação.
Voltei no outro dia, Pajé estava mais fraquinho, fiquei com ele no colo, passeamos no Sol e o levei de volta para a veterinária. Morreu no outro dia. Até hoje não sei do que ele morreu e me arrependo tremendamente de tê-lo levado lá. Deveria ter procurado outra clínica.
Dois dias depois, alguém me liga da pet shop para dizer que “meu outro boxer” estava na loja esperando por mim. O que? Era isto mesmo, já que Pajé havia morrido, um irmãozinho dele foi escalado para substituí-lo. Fiquei com dó e fui lá buscá-lo. Tinha rabo. Era esperto, andava por tudo e acabou entrando em um pacote de ração. Na loja ele estava com o nome provisório de Príncipe, chamei de Pisco.
Pisco e Tupã demoraram um tempão pra fazer amizade. Pisco vivia com as orelhas arranhadas. Até o dia em que percebeu que crescera mais do que Tupã e resolveu encarar. Hoje são amigos, um faz companhia para o outro. Pisco é muito carinhoso e brincalhão, ao contrário de Tupã, que é reservado e discreto.
E foi assim que, para salvar um rabo, eu conheci a breve vida de Pajé e aprendi a praticar lutinhas com o Pisco. Como vocês sabem, a raça se chama boxer porque adora dar socos e tapas com as patas dianteiras.
Na foto ao alto, Pisco e seu rabo. Abaixo, Pisco lambe o ar, com Tupã ao fundo.
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