sexta-feira, 7 de novembro de 2025

 Filme mostra conexão entre regimes autoritários na América do Sul


“O Condor e a Névoa” é documento cinematográfico que confirma participação dos Estados Unidos no golpes de Estado



O premiado diretor de cinema argentino Maximiliano Gonzalez participa da exibição de seu filme, “O Condor e a Névoa”, dia 10 de novembro, segunda-feira, às 19h, no Sindicato dos Bancários (rua General Câmara 424, Porto Alegre). Logo após, haverá uma conversa com a plateia com a participação do jornalista e mestre em História Nilson Mariano, mediada por Jair Krischke, presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos (MJDH), que promove o evento.


“O Condor e a Névoa” conta a história de homens e mulheres que deram suas vidas em defesa da democracia e da soberania de suas nações. O filme começa no ano de 1973, quando chegaram a Argentina, em situação de exílio, João Goulart, presidente do Brasil, Juan José Torres, presidente da Bolívia, e o senador Zelmar Michelini do Uruguai, todos vítimas de golpe militar.


O filme avança até o ano de 1992, quando foram identificados no Paraguai os “Arquivos do terror”, provando que havia uma parceria entre as ditaduras latino americanas, que contava com apoio dos Estados Unidos, para perseguir e assassinar militantes políticos e a todos que se opunham aos golpes de Estado.


Arquivos do terror


Os “Arquivos do Terror” são uma coleção de documentos que descrevem diversas atividades ilícitas realizadas por agentes da repressão durante a ditadura militar de Alfredo Stroessner, de 1954 a 1989, no Paraguai. Os documentos foram encontrados em uma delegacia de polícia de Lambaré, subúrbio da capital paraguaia, Assunção, no dia 22 de dezembro de 1992, pelo advogado e ativista de direitos humanos, Martín Almada e pelo juiz José Augustín Fernández.

O juiz José Augustín Fernández e o professor e advogado Martín Almada pesquisavam arquivos sobre um ex-prisioneiro político na delegacia de Lambaré quando encontraram documentos sobre o destino de milhares de latino-americanos que haviam sido sequestrados, torturados e mortos pelos serviços de segurança da Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai com a cooperação da CIA, a agência de inteligência dos Estados Unidos, um  esquema que ficou conhecido como Operação Condor.

Os arquivos contém números assustadores: 50 mil  pessoas assassinadas, 30 mil dadas como desaparecidas e 400 mil presas. Os documentos também revelaram que outros países, como Colômbia, Peru e Venezuela, cooperaram com a Operação Condor fornecendo informações às ditaduras do Cone Sul e aos agentes dos Estados Unidos. 

Maximiliano Gonzalez


O diretor Maximiliano Gonzalez nasceu na província de Misiones, na Argentina. Concluiu seus estudos em Puerto Iguazú antes de se mudar para Rosário para estudar na Escola de Cinema. Em seguida, recebeu uma bolsa de estudos da Escola Nacional de Cinema de Buenos Aires (ENERC). Seus roteiros receberam inúmeros prêmios e seus filmes conquistaram reconhecimento em festivais de cinema nacionais e internacionais. Como diretor e roteirista, realizou: “Quiero Volverme Tiempo (Víctor Heredia & Latinoamérica)” (2023), e “Lejos de Peking” (2020), entre outros. 


Gonzalez também é o diretor da série “La Muerte de un Presidente”, sobre o ex-presidente João Goulart, deposto pelo golpe militar de 1964. Organizado em seis capítulos, a série conta o final da vida do líder trabalhista e estreou em 2020 na Argentina. O ex-presidente do Brasil viveu na Argentina os últimos anos de sua vida, de 1973 a 1974, em uma fazenda próxima a Buenos Aires. A produção demandou cerca de dois anos para preparação e conclusão.

Nilson Mariano


Nilson Mariano é graduado em Jornalismo e mestre em História pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Publicou livros em português e espanhol sobre a Operação Condor, revelando o pacto secreto entre as ditaduras militares do Cone Sul. Entre as premiações que obteve como repórter estão o Prêmio Nacional Esso de Jornalismo (2013), mais cinco Essos regionais, o Vladimir Herzog de Direitos Humanos, dois da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), World Association of Newspaper (WAN), Embratel, Associação Rio-grandense de Imprensa (ARI) e Movimento de Justiça e Direitos Humanos (MJDH). Também é co-autor em quatro livros de reportagens.


Mariano é Cidadão Emérito de Porto Alegre, "Jornalista Amigo da Criança" (Andi/Unicef) e Prêmio Direitos Humanos Rio Grande do Sul (2000). Participou de quatro coletâneas organizadas por professores da PUCRS e da UFRGS sobre regimes autoritários. Nasceu em Candelária (RS), atuou como repórter nos jornais Zero Hora e Folha da Tarde por 35 anos. 





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